Morreu Marco Paulo

por Carla Quirino - RTP
Marco Paulo rubricou em 2022 o derradeiro álbum de estúdio, "Por ti" RTP

Morreu Marco Paulo, aos 79 anos. O cantor, entre as vozes mais reconhecidas da música popular portuguesa, sucumbiu a doença prolongada.

Marco Paulo perdeu a luta contra dois cancros, um no pulmão e outro no fígado. Morreu esta quinta-feira.

Foram mais de 50 anos a cantar. A longa carreira musical foi marcada por sucessos e prémios. Entre os grandes êxitos, destaca-se “Eu tenho dois amores”, editado em 1980, que vendeu mais de 195 mil discos.

Marco Paulo - cujo verdadeiro nome era João Simão da Silva - nasceu a 21 de janeiro de 1945 em Mourão, no Alentejo.
Uma legião de mais de cinco milhões de fãs, os mais de 70 discos lançados, um Globo de Ouro e outros 140 prémios valeram-lhe o título de comendador da Ordem do Infante D. Henrique, atribuído por Marcelo Rebelo de Sousa, em 2022.

Em nota na página oficial da Presidência, pode ler-se uma nota de condolências: "O presidente da República recebeu com pesar a notícia do falecimento do cantor Marco Paulo, que esteve presente na vida musical portuguesa longas décadas, e apresenta os seus sentimentos à família, amigos e admiradores".

"Foi vencendo" a doença, assinalou mais tarde Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações aos jornalistas, relembrando que Marco Paulo "está na memória" de muitos portugueses.

"Como um desses portugueses e como amigo dele, é com pesar que recebo a notícia, embora já quase esperada, do seu falecimento", lamentou o presidente.
O primeiro-ministro Luís Montenegro também reagiu, publicando uma nota na rede social X.

Carreira de sucesso

Marco Paulo estreou-se a cantar nas festas de Alenquer com a música "Campanera" de Joselito. No ano seguinte, teve o maestro Nóbrega e Sousa a acompanhá-lo, ao vivo.

Aos 14 anos, entra para o rancho folclórico de Alenquer,  onde esteve dois anos como cantor até ir viver para o Barreiro. Apesar de ter nascido no Alentejo, acabou por viver em várias zonas do país, devido à profissão do pai - de Celorico de Basto a Alcabideche, Alenquer e Arcos de Valdevez; fixou-se em 1963 no município do Barreiro. 

Nesta altura participou num ensaio da cantora Cidália Meireles e captou atenções. Dez anos depois participou na revista Simplesmente Revista no Teatro Capitólio, com José Viana.Após participar no Festival da Canção da Figueira da Foz com “Vida, Alma e Coração”, conseguindo um terceiro lugar foi convidado por Mário Martins para gravar um disco com a chancela Valentim de Carvalho.

No ano de 1966, são lançados os temas "Não Sei", "Estive Enamorado", "O Mal às Vezes é Um Bem" e "Vê".

Já em 1967 salta para a ribalta com a participação no Festival RTP da Canção com "Sou Tão Feliz" de António Sousa Freitas e Nóbrega e Sousa. Seguiu, entretanto, até à Madeira, onde cantou com Madalena Iglésias.

A partir daí, torna-se cantor profissional.
Antena 1

Em mais de cinco décadas, o artista deu voz a vários temas de sucesso, como "Nossa Senhora", "Maravilhoso Coração", "Sempre Que Brilha o Sol", "Eu Tenho Dois Amores", "Ninguém, Ninguém", "Na Hora do Adeus", "Mulher de 40", "Chiquitita", "Anita". Mais recentemente interpretou "Casa Amarela"
.

Marco Paulo trabalhou com António José, Mário Martins, Rosa Lobato de Faria, Joaquim Luís Gomes, Fernando Correia Martins, Jorge Machado, Shegundo Galarza, Luís Filipe e Emanuel, entre músicos, escritores, letristas, e produtores.

Ainda em 2022, rubricou o derradeiro álbum de estúdio, "Por ti", lançado pela editora Espacial.
1945-2024
Em 1996, Marco Paulo recebeu a notícia de que desenvolvera cancro no cólon. Cerca de 20 depois, foi-lhe diagnosticado um cancro da mama. Após operação e tratamentos, recuperou.

Em 2022 foram descobertas metástases no pulmão e no fígado.

Em setembro, foi informado pela equipa médica de que a quimioterapia não estava a resultar. À comunicação social, o cantor confessou: “A vida não está nas minhas mãos”.
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